quarta-feira, 13 de julho de 2011

Hoje é dia mundial do Rock!

Vocês sabem o que é um Power Trio? Claro que sabem, mas talvez não tenham ainda entendido a dimensão que alcançou essa simples formação de grupo musical. Uma bateria, uma guitarra e um contrabaixo. E só. Pode até ter um teclado, ou uma segunda guitarra, mas a essência continua sendo a mesma. Essa formação, tão simples e básica, moveu o mundo, revolucionou valores, trouxe liberdade de expressão, liberdade sexual, livre pensar, enfim, todos nós, toda a nossa geração e as mais jovens, têm no Power Trio uma grande parcela de importância na modelagem dos nossos comportamentos. Em momentos mais eloquentes cheguei a concluir que a "invenção" do Power Trio foi uma das mais importantes do século 20, comparável ao telefone, ao rádio, à televisão e ao computador, tamanha sua influência no comportamento, na expressão artística e na comunicação de uma forma geral.
Por isso ousarei lembrar alguns Power Trios históricos, sabendo o quanto é fácil deixar vários de fora. Long live rock'n' roll!!! Vamos lá:
- Cream, Jimi Hendrix, Rush, Led Zeppelin, Pink Floyd, AC/DC, Iron Maiden, Kiss, Nirvana, The Clash, The Doors, Rolling Stones, Beatles, Queen, Deep Purple, Black Sabath, Rage Against the Machine, Red Hot Chili Peppers, Van Halen, Os Paralamas do Sucesso, Legião Urbana...
....não acaba nunca essa lista!!!

Abração e FELIZ DIA DO ROCK!!!!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Aconteceu comigo hoje - burrices que vemos por aí todo dia:
No novíssimo prédio da Biblioteca Nacional, local onde se presume que haja saber e inteligência, os botões dos elevadores geraram esta bizarra situação. Eles têm um design até legal, retângulos com mais ou menos quatro centímetros de largura. O suficiente para ser dividido em áreas, mas sem uma marcação. Em uma destas áreas, por exemplo o lado direito, fica o "led" que indica que foi acionado, e somente neste local o botão é sensível ao toque. Na área oposta fica a inscrição em braile do número correspondente. Só que nesta área (braile) o botão não é sensível ao toque, nem no meio! Só no canto onde fica a luzinha. Pergunto como o deficiente visual vai saber que o toque dele, que já é a sua leitura, não está acionando o elevador? Fiquei imaginando o cego lá esperando ouvir o som da porta fechando, e nada...
Mas quem enxerga normalmente também fica doido. Entrei em um elevador para descer, e o botão do térreo estava quebrado. Na verdade nem estava lá, e no lugar dele botaram um durex pra gente não enfiar o dedo no buraco. Conclusão: as pessoas terminam por forçar o botão e quebrá-lo sem querer, pois não conhecem seus caprichos. Como o elevador não podia receber comando para descer, saí e chamei o do lado. Entrei olhando diretamente para os botões, como todo mundo faz, e vi que estavam todos inteiros, no lugar direitinho, numa altura próxima da cintura. Apertei o botão após descobrir como ele funcionava, e enquanto o elevador descia, meu olhar foi subindo pela parede. Quando chegou na altura dos meus olhos, li o singelo aviso impresso em papel branco, colado: "Sr. Usuário. Por favor, para acionar o elevador, toque suavemente a parte lisa do botão". Depois fazemos piadas de portugûes...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Piscianos

Meu aniversário está chegando. Como outros piscianos, dou um certo valor a estas coisas e acho interessantes as análises das pessoas conforme seus signos do zodíaco. Por isso resolvi postar essa matéria sobre o signo de peixes que peguei na revista Personare. Para os amigos que querem me conhecer mais um pouco, aí vai. Obrigado e uma abração!

Em Astrologia Ocidental, dizemos que são piscianas as pessoas que nasceram entre os dias 20 de fevereiro e 20 de março, muito embora este período possa variar em até um dia a depender do ano de nascimento. Também possuem fortes traços piscianos aquelas pessoas que nasceram com o Ascendente ou a Lua em Peixes, ou com Netuno em posição de destaque no Mapa Astral.

Nem todo mundo percebe, mas o último signo do Zodíaco Ocidental tem seu nome no plural. Não é "peixe", é "peixes" mesmo. Um que nada para cima, outro que nada para baixo. Acontece que este signo, assim como Gêmeos, Virgem e Sagitário, pertence à Triplicidade Mutável e é, portanto, um signo de natureza dupla. Ambivalente, dividido entre dois mundos. É até difícil definir se é introvertido ou extrovertido, já que depende do momento e da maré. É coerente em sua incoerência e se encontra nos desencontros. A inclinação a mudar de opinião não é uma fraqueza neste caso, e sim sua maior força. Enquanto as pessoas sofrem por sua inflexibilidade e rigidez, Peixes permanece como aquele tipo quase indestrutível, pois se adapta ao ambiente. Difícil de agarrar, por ser escorregadio, é capaz de vencer pessoas aparentemente mais fortes justamente por suas características mutáveis, ambivalentes e adaptáveis.

VONTADE PODEROSA

Esta adaptabilidade, contudo, é apenas aparente. Como ocorre com os signos de Água, ele consegue manipular tudo sutilmente, fazendo com que - no final - o ambiente se adapte aos seus desejos. A diferença é que enquanto Câncer é tenaz e Escorpião é voluntarioso, o tipo clássico de Peixes parece inofensivo. A vontade pisciana não é aparente, mas é mais poderosa, pois vem unida com uma sensação de experiência, de já conhecer este mundo. Acontece que uma das maiores capacidades de Peixes reside justamente no poder de absorver a experiência alheia. A coisa funciona mais ou menos assim: pra que eu tenho que passar por isso, se alguém que eu conheço já passou e eu posso aprender com ele?

Peixes é regido tradicionalmente pelo planeta Júpiter e modernamente por Netuno. Desta dupla regência deriva sua natureza normalmente compassiva e interessada em ajudar os outros. No nível mais elevado, os piscianos realmente se dedicam a ajudar os outros e se envolvem em causas sociais. O exagero disso nos conduz ao aspecto sombrio do signo: a tendência a se colocar em situações em que é transformado numa vítima, num sofredor, em alguém em que as pessoas "montam". Com o tempo, o pisciano típico aprende a equilibrar os exageros e sai da posição de vítima de abusadores, compreendendo que até mesmo a compaixão, quando excessiva, pode se tornar um grande mal.

A capacidade de se sintonizar com aspectos subjetivos da realidade confere aos piscianos típicos o talento incomum de compreender o ambiente de uma forma mais profunda do que o normal. E é a partir deste mergulho intenso no sutil e no invisível que Peixes se converte num dos mais misteriosos e fascinantes signos do Zodíaco

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

AS CONFRATERNIZAÇÕES DOS MÚSICOS EM 2010

O final de 2010 foi especialmente rico em confraternizações de músicos, realizadas aqui e acolá com a participação de amigos e artistas.Pessoalmente pude participar de três desses encontros, todos notabilizados pela descontração, alegria e um clima de muita amizade e cordialidade. Em todas elas, muitos abraços e sorrisos entre os músicos amigos, ou simplesmente conhecidos, reafirmando o espírito de colaboração e admiração recíprocas que mantém elevado o nível e a qualidade da música, particularmente do rock,produzido em Brasília. Foi uma boa injeção
de ânimo e otimismo para 2011.
O primeiro foi o já tradicional Churrask'n'roll na casa do Claudinho, com a co-organização do aniversariante Luis Cachorrão. Chopp, drinks e churrasco à vontade regaram uma sucessão de bandas que tiveram uma hora cada para dar seu recado. E todas imopressionaram. Pudemos ver o histórico Zamaster se reunir após dois anos sem apresentações; Cesinha mandando ver nos vocais com um ótimo power trio formado por Guguinha, Carlos Alexandre e Marreco; eu tive honra de representar o mestre Jimi Hendrix, fazendo um tributo ao lado de Kiko Peres e Rodrigão Nogueira. Um prazer especial.
O segundo foi o Canjão de Natal dedicadamente organizado por Marcos Tani, realizado no Uk Brasil Pub do nosso amigo Gustavo Gazeta. Abrimos a noite com a BSB Disco Club que deu uma palhinha do seu novo repertório com o qual pretende voltar definitivamente aos palcos em 2011. Ainda tive o prazer de tocar com a nossa diva Georgia W. Alo,e ainda voltar ao palco no encerramento da noite com a canja do Seu Preto, minha atual banda ao lado do Jair, do Ulysses, Felipe Portilho e com o o querido Ticho Lavenère na bateria, e ainda a participação luxuosa do JC na percussão. Durante a noite ainda me deleitei com o tributos a Led Zeppelin e Rush, onde pude rever João Ricardo tocando, dentre outras grandes participações. Sensacional.
O terceiro foi o último Criolina do ano, onde o Barata organizou uma bela homenagem ao Rei Roberto Carlos na noite Emoções. Habilmente,ele convidou artistas e bandas que passaram por seus projetos ao longo do ano para interpretarem, aos seus modos, grandes hits do Rei. Atacamos com o Seu Preto, tocando dois temas que já fazem parte do nosso repertório: Todos estão Surdos e Não Vou Ficar, que é de Tim Maia, mas foi imortalizado na voz de RC. Barata fez a bateria pra gente, como se fosse velho integrante da banda. Interatividade total. A noite lá fora era chuvosa, mas dentro do Calaf pegava fogo.
Nesse evento, assim como no Churrask'n'roll, a sonorização e operação do som foi feita pelo Eric Pan, amigo, profissional, bom de trabalho e astral.
Parabéns e obrigado especial aos que tiveram a iniciativa,a dedicação e a paciência de investir seu tempo na organização desses encontros. Parabéns a todos os músicos que, pela arte ou pelo simples prazer, emprestaram seu prestígio e talento para proporcionar esses momentos memoráveis. Obrigado especial ao público que literalmente inflamou os três eventos,
com sua energia positiva, participação e admiração demonstrados. Parabéns ao rock de Brasília. Um grande 2011!É NOIXX.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Para pensarmos sobre 2011.

RETROSPECTIVA 2010 / PERSPECTIVAS 2011:
Em 2010 a cultura em Brasília foi mais lembrada pelos problemas do que por suas realizações.
A desmoralização pela qual os brasilienses passavam, desde a deflagração do esquema envolvendo o governo, deixou toda a cadeia produtiva em crise, num quadro que inspirava desconfiança e preocupação.
A principal ação de política pública da Secretaria de Cultura foi o FAC, que teve pela primeira vez uma verba garantida em lei, mas infelizmente a Sec não souber adiministrar os contingencimentos feitos pelo GDF em 2009 e se enrolou no processo de seleção dos projetos a serem contemplados, gerando um enorme descontentamento entre os artistas e produtores locais. Fora isso, eventos mal dimensionados, atrasos de pagamentos de cachês de artistas locais e falta de transparência nas contratações somaram-se para deixar esta triste impressão.
Felizmente para 2011 as perspectivas são melhores. O novo governo entra com estabilidade institucional para iniciar um novo trabalho. Para os próximos quatro anos, o fato de termos pela primeira vez em Brasília uma sintonia política com o governo federal pode nos trazer benefícios permanentes, pois com a realização da copa do mundo em 2014 a produção cultural ganha importância estratégica para o sucesso do Brasil no evento, e Brasília será uma das sedes.
Porém, para as coisas melhorarem, cabe a nós trabalhar, vigiar e participar. Trabalhar em nossos projetos, na gestão de nossas carreiras, na captação dos recursos que demandamos; vigiar as ações públicas, os gastos e investimentos do governo; participar das discussões, debates e decisões que nos afetam. Um feliz 2011 para todos!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010




Hoje é dia do Músico. Parabéns a todos esse sonhadores e realizadores de sonhos: cantores, instrumentistas, autores, compositores, arranjadores, produtores, em solos, duos, grupos, bandas e orquestras, de todos os gêneros, estilos e perfis, que levam alegria e cor à vida das pessoas.
Hoje também completam-se 20 anos do falecimento do meu pai, o violonista Raul Santiago, precursor da minha carreira e do meu irmão, Jair Santiago, e indiretamente, por tudo que realizamos e ainda realizaremos nessa vida de músicos e empreendedores culturais.
Por isso escolhi esta data para inaugurar esse blog, e nele postar alguma coisa do material dele.
Estarei postando textos e comentários sobre diversos assuntos ligados à cultura, artes, entretenimento, trabalhos, projetos, visões e opiniões em geral.

Agradeço a todos pela visita e conto com a sua participação.
Forte abraço.
Raul E. Santiago

RAUL SANTIAGO (04/01/1935 - 22/11/1990)

Raul Santiago – um violão como poucos.

Quatro de janeiro de 1935. Na então pacata cidade de Anápolis, em Goiás, nascia Raul Santiago. Sua mãe, Dona Ordália, retornou logo a Jaraguá, cidade de origem da família. Foi lá que Raul passou toda sua infância. Tão logo teve o primeiro contato com o violão, ficou encantado. Seu tio, Joaquim Militão. além de construir violões, tinha conhecimento dos acordes fundamentais no instrumento. E, pressionado pela insistência do garoto curioso e interessado, veio a ser o primeiro professor do menino Raul, franzino, inquieto, astuto e cheio de talento.

Assim começou a carreira de um dos mais renomados violonistas brasileiros. Ainda adolescente, mudou-se com a família para Anápolis, onde conseguiu seu primeiro trabalho, como bilheteiro do único cinema da cidade. Com curiosidade insaciável, assistia aos filmes várias vezes, sempre atento às trilhas sonoras, que memorizava o quanto podia, para chegar em casa e tentar reproduzir de alguma forma aquelas músicas encantadoras. Querendo mais, pedia aos amigos que possuíam os raros gramofones para que o deixassem ouvir discos de música clássica, sua preferida. Enquanto ouvia os acordes mais inspirados dos grandes mestres, Raul dedilhava o violão, adaptando as melodias e harmonias por conta própria, de forma a fazê-las ainda mais bonitas, mais tocantes, mais expressivas.

E foi assim, como autodidata, que Raul Santiago aprendeu a tocar, “tirando” as músicas “de ouvido”, inventando seus próprios exercícios para aprimorar a técnica e a interpretação, e escolhendo ele mesmo o repertório, baseado nos grandes nomes da música e do violão.

Em Belo Horizonte, nos anos 50, suas interpretações já causavam espanto e admiração no público mais exigente, que prontamente o reconheceu como um talento inédito, digno de ser aplaudido pelas altas rodas da rígida e seletiva sociedade mineira. Eram os primeiros recitais, promovidos por clubes, amigos influentes e autoridades do Estado. Época de nascimento de grandes amizades, que o acompanhariam por toda a vida. Também nessa época, revela-se o Raul professor, que não hesitava em transmitir todo o conhecimento que tinha nas aulas particulares de violão, que passaram a desempenhar parte importante em sua vida de músico generoso e comunicativo.

Transferindo-se para o Rio de Janeiro, Raul teve a oportunidade de aprimorar sua arte, desta vez trocando conhecimentos com grandes nomes da música mundial, como o excepcional violonista espanhol Andrés Segóvia, e brasileiros de grande talento e preparo, como o maestro Tom Jobim e os os violonistas Baden Powell, Darcy Vilaverde e os irmãos Assad, dentre muitos outros. Como intérprete, realizou inúmeros recitais para as mais variadas platéias em teatros, auditórios e na então nascente televisão brasileira. Como professor, abriu portas para futuros nomes da música brasileira, como a sambista Beth Carvalho e o cantor Tim Maia. Como compositor, possuía incrível capacidade de criar versões e fazer arranjos – as Variações, que tanto se voltavam para temas compostos especificamente para o violão, como traduziam prodigiosas adaptações violonísticas de músicas compostas para outro instrumento. Nesse leque amplo de opções temáticas, ele privilegiava também músicas populares e temas folclóricos brasileiros e de outros países. Deixando-se levar por uma admirável intuição musical, que deixava transparecer rasgos de genialidade, Raul atingiu uma grande diversidade de repertório, a qual associava alta qualidade técnica e notável capacidade interpretativa. E seu nome passou a ser um dos mais requisitados naquele momento. O Brasil passava a perceber que o menino vindo de Goiás havia-se transformado num artista diferenciado, que poderia conquistar o País e representá-lo além de suas fronteiras. Dava-se grande destaque para o trabalho de sua mão direita, de uma clareza e vigor poucas vezes vistos na música instrumental brasileira. Dessa efervescência musical, surgiram performances impressionantes, que os limitados recursos de gravação existentes à época precisavam registrar.

Por isso, durante esses anos, alguns dedicados amigos, percebendo o inusitado daquelas interpretações, tomaram a iniciativa de gravar em fitas magnéticas algumas de suas apresentações, sempre descontraídas e improvisadas, como determinava o temperamento alegre, informal e criativo de Raul Santiago. Contudo, essas interpretações amadoras, a despeito do clima festivo, tinham grande qualidade artística, abrangendo um repertório que portava nomes como Bach, Mendelsson, Villa-Lobos, Haendel, compositores flamencos, Dorival Caymmi e versões improvisadas de autores desconhecidos.

Porém, a fragilidade financeira da carreira de solista e professor particular levou-o a aceitar uma oferta de trabalho que mudaria profundamente a vida do jovem pai de família: mudar-se para Brasília para participar da fundação da recém-criada Escola de Música de Brasília, ao lado do violonista Geraldo Ribeiro. Agora como professor contratado, Raul poderia estudar mais, continuar realizando seus recitais e gravar um disco totalmente seu, meta que começava a vislumbrar, pois nunca entrara em um estúdio com esta finalidade.

O destino, porém, não lhe deu essa oportunidade. Um derrame cerebral, no final do ano de 1973, interrompeu bruscamente sua carreira de instrumentista e deu início a uma das mais comoventes histórias pessoais já vividas por um músico brasileiro. Mesmo debilitado, com sérios problemas motores e dificuldades na visão, o talento extraordinário permitiu a Raul Santiago continuar lecionando violão na Escola de Música de Brasília até se aposentar. Daí por diante, continuou atuando como professor particular, num raro exemplo de força de vontade, desprendimento, determinação, amor à música e às pessoas. Amigos, alunos e familiares continuavam admirando-o e aplaudindo-o, não mais pelo violão iluminado que um dia tocou, mas por seu bom humor, sua alegria, sua alma, sua humanidade, sua inquebrantável esperança no futuro e sua extraordinária capacidade de compreender e transmitir a outros a musicalidade ímpar que nem a paralisia e a deficiência visual haviam conseguido destruir.

Mas as complicações de saúde sucederam-se, tornando-o cada vez mais limitado. Raul perdeu totalmente a visão, sofreu com outros problemas físicos, com o preconceito, com a falta de recursos médicos de então e, principalmente, com a dor de não mais poder tocar. Mesmo assim não parou. Tinha dezenas de alunos, a quem ensinava com amor e dedicação, de segunda a sábado, da manhã à noite. Mais que alunos, tinha muitos amigos, para quem passava sua bela experiência de vida e com quem gastava as longas horas de sua angustiante escuridão. Por fim, um tumor desenvolveu-se em seu organismo e deu início à última e mais dolorosa fase de sua vida, que só terminou com seu falecimento, no dia 22 de novembro de 1990, Dia do Músico. Até para despedir-se, Raul Santiago foi especial. Não poderia ser outra a data de sua partida.

A obra de Raul Santiago tem um grande valor artístico e histórico para a música brasileira, como ficou demonstrado por sua escolha para uma cadeira de imortal na ALMUB – Academia de Letra e Música do Brasil. A qualidade de seu trabalho, aliada a seu carisma, deixou inúmeros admiradores que, mesmo hoje, treze anos após sua partida, ainda se comovem com as lembranças e continuam ávidos para ter em casa uma forma de ouvir o violão singular e extraordinário de Raul Santiago.

Este CD, com a compilação dos melhores momentos de suas gravações, tenta preencher este vazio. Um tanto esquecido pelo público deste novo século, a recuperação de parte da obra violonística de Raul Santiago trará, por certo, um justo reconhecimento a uma das maiores expressões do violão acústico em nosso País. Sua distribuição para escolas, musicotecas e conservatórios deixará um importante legado para a memória da música erudita no Brasil. E proporcionará ainda a coroação de uma bela carreira, cuja trajetória tornou-se para muitos uma lição de vida, um exemplo de vontade inabalável, a demonstração de uma incrível consciência de seu papel como músico e como cidadão. Ao procurar resgatar a memória de Raul Santiago, passo a dividir com a platéia brasileira um legado precioso que recebi e que, por insistência dos amigos de meu pai, não poderia deixar de compartir com aqueles que amam a música como uma expressão superior do ser humano na vida que nos coube usufruir. Mais do que um disco de admirador, mais que o trabalho de sucessor desse grande legado, sinto-me cumprindo um dever histórico. Coube a mim ser o filho mais velho de um gênio do violão, e a mim cabe necessariamente a iniciativa de reverenciá-lo. Vocês todos, tenho a certeza, serão cúmplices desse gesto e, principalmente, ouvintes atentos dos sons magníficos que espero agora estar entregando ao Brasil. Que Deus o tenha, Raul Santiago! E que o Brasil saiba resgatar sua vida e obra, par mim única, admirável e absolutamente inesquecível.

Raul E. Santiago

Com a colaboração de Nestor Kirjner

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

FICHA TÉCNICA:

- Gravado ao vivo em fitas magnéticas ¼”, durante apresentações realizadas entre 1966 e 1968, pelos amigos Dr. Artur Dalmasso, Oswaldo França e José Luis Clerot.

- Digitalizado e masterizado nos estúdios Cia do Gato - São Paulo -SP

- Projeto Gráfico: Carlos Alexandre.

- Realização: G4 Produções, Raul E. Santiago, Ângela Merice da Cruz Machado e Jair Santiago.

- Produção Executiva: Raul E. Santiago.

- (logo: G4 Produções)

Colaboradores:

Pessoas e empresas que contribuíram para a realização deste projeto:

Tasso Galvão de Velasco e Sra. Dina, Senador Áureo Melo, Nestor Kirjner, José Luis Clerot, Dr. Murilo Buso, Indiara Artiaga de Castro, Dr. Newton Rossi, Vera Brant, Vereador Leopoldo de Castro (Jaraguá-GO), Dr. Benjamin Roriz e Sra. Olga, Dr. Antônio Carlos Osório, SESC-DF, Clínica Cettro, Sinart Comunicação Visual, Domingos Félix de Souza, Carlos Alberto Abdalah, Dreine Militão, Théo de Freitas, Alano de Freitas, Dr. Tubertino Bráulio de Freitas Rios, Áttila Augusto Cruz Machado, Tentorino de Amorim, Iolare Santiago, Giles Santiago Júnior, Gil Felinto Santiago, Dr. Paulo Seixas, Dr. Rogério Tokarski, Embaixada da Espanha, Belini Pães e Gastronomia, Carlos Alexandre, Beer Fass, Roberto Nehring, Villela e Carvalho Construtora,

Agradecimentos:

Ângela Merice da Cruz Machado, Dr. Blas Cedrola, Tio Joaquim Militão, Edna Militão, Elita Militão, Ednê Militão, Tia Ditinha, Giles Santiago (in memorian), Wanda Cozetti, Luanda Cozetti, João Vicente Feijão, Mário Augusto Cruz Machado (in memorian), Embaixador Lauro Moreira, Patrimônio Histórico da Cidade de Jaraguá – GO, Maura Charlotte, Gabriela, Elaine, Rodrigo Lodi, Rodrigo Stelio, Ulysses Xavier, Jair Santiago.